sábado, 23 de maio de 2015

O Juízo Final

A bendita esperança dos crentes está na consumação dos séculos, no momento em que Jesus Cristo retornar acompanhado de seus anjos. Por ocasião da parusia, a orquestra celeste executará o cântico do Cordeiro enquanto o arcanjo Miguel solta sua voz pelo universo. 

Cristo glorificado surge a olhos nus em pleno cenário mundial e a cegueira dos olhos de todos os seres será retida. À voz de seu comando, vivos e mortos formarão uma só multidão de ressuscitados. Não há lugar para as coisas passadas, nem para os céus de agora, nem para a terra que conhecemos. Toda a humanidade estará no além, fora das dimensões deste tempo e espaço. 

De olhos fitos, os homens contemplarão Jesus aproximando-se particularmente de cada um, à semelhança dos querubins alados os quais "corriam, e voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago" (Ez 1.14). A primeira impressão será de que Jesus se mantém assentado em um Grande Trono, contudo, a maior sensação será a de nudez completa e absoluta ante seu olhar como chama de fogo (Ap 1.14). 

Ao mesmo tempo, esperança e desespero se apossarão de toda a humanidade, porquanto "todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele" (1.7). Como num piscar de olhos, toda a humanidade será levada à presença do ingente, do inefável, do inabarcável, do incognoscível, do indescritível, do impensável, do invisível, do Eterno D'us. Não vendo ninguém além d'Ele, não sendo por ninguém visto além d'Ele, o homem só com Deus passará por uma entrevista de vida ou morte. 

Ao passo que tudo depende daquele momento (em que nada está decidido por antemão, nem salvação nem perdição), nada poderá ser acrescentado em defesa ou acusação. Ante Deus o homem sustentará pela primeira vez a verdade plena de suas escolhas e preferências. Até àquela hora tudo era disfarce e justificativa vazia, mas naquele instante o mentiroso deixará de existir. O próprio Deus conterá o impacto de sua presença para não intimidar o entrevistado. Não deixará o réu em situação de absolvido ou condenado até a ultima palavra de confissão e testemunho. 

O homem falará ao invisível, como numa solitária, como no deserto, como no espaço. Não ouvirá ecos ou vozes. Sentir-se-á vazio e abandonado, solitário e esquecido. Passará em revista sua vida pregressa, e isto por tantas e tantas vezes que até perderá as contas. Vasculhará sua mente e coração procurando detalhes esquecidos (ou escondidos) e os trará a tona, confessando-os de novo, e de novo, e de novo...  

De repente, com a impressão de haver passado um eternidade, não havendo passado mais que um momento, o salvo ouvirá outra vez a voz de Cristo ressoando o convite para o reino preparado desde a fundação do mundo. Quem não ouvir está voz, não passou na entrevista.  Agora, sem aquela sensação de medo e angústia, os salvos conseguirão olhar para Jesus e os demais irmãos, alegrando-se com a vitória sobre a morte e o inferno. 

Tendo seus olhos livres de toda a lágrima conseguirão contemplar a glória de Jesus em toda sua completude. Nenhum dos salvos imaginava os novos céus e a nova terra como agora estão vendo. Faltou tinta à pena do poeta e palavra ao glossário do pensador; faltou imaginação no coração do dramaturgo e inspiração na alma do ator; faltou símbolo ao hagiógrafo e argila ao escultor. 

Nada do que se pensou existir antes foi encontrado ali – simplesmente, o paradisíaco de outrora foi aperfeiçoado pela glória da eternidade. Cidade Santa, Jerusalém Celestial, Pedra Preciosa, Água da Vida, Árvore da Vida ou Livro da Vida são outros nomes para Jesus, são sinais de sua Pessoa.  Os novos céus e a nova terra representam a nova existência que os salvos encontram em Cristo. Não se tratam de lugares que possam ser cartografados pelos geógrafos os explorados pelos astrônomos.

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